Subi a montanha e no seu topo os anjos me cercaram e me engrinaldaram a fronte com as flores do céu. Asas zumbiam em harmonias fragílimas e vozes de arcanjos louvavam a paz. Derramaram sobre meu corpo sete bálsamos purificadores e fizeram-me beber ambrosia e mel. Banharam-me no rio da música e eu saí ingênua como o canto de uma criança. E depois surgiram novos anjos e não havia noite e não havia dia. E a ambrosia e o néctar deslizavam com fartura celestial. E novas canções se entoaram sempre em louvor a Deus. E não havia noite e não havia dia. E aos poucos cresceu dentro de mim o desespero e eu busquei em vão os olhos celestiais. Eles nada diziam e cantavam a paz. E aos poucos uma nostalgia me enlanguesceu e eu era o arco distendido sem a flecha e eu buscava o ar sem respirar. Um anjo me interrogou: mais néctar? Eu gritei: quero cheiro da terra! E o anjo me perdoou E eu cansei de ser perdoada, eu queria sofrer. E não havia noite e não havia... Quebrei minhas asas, desci a montanha e vivi na Terra!
Homens amavam e cansavam do amor. Homens bebiam sangue e descobriam que não desejavam brigar Entoavam-se cânticos místicos onde só havia a insatisfação. E depois homens morriam e todos sabiam que era o fim. Nem a terra, nem o céu!
Fechei-me num quarto, inventei outro Deus, outro céu, outra terra e outros homens.
O que mais há para escrever sobre Yves Saint Laurent, o protagonista incontornável da costura francesa? Tudo, ou quase. Pesada demais, a verdade do homem permanece oculta na parte sombria do mito.Quem era Yves, o pequeno argelino de olhos perspicazes? Um menino negligenciado, nascido com uma carga impossível de ser carregada nessa Argélia francesa estruturada pela depredação. Como, em tal contexto, esse jovem pied-noir de classe média pôde elaborar o sonho de se tornar um estilista célebre?Marcado pelos traumas da violência que sofreu quando criança, Yves Saint Laurent foi movido ao longo de sua vida por um desejo vital de vingança, onde a riqueza e a fama consolavam, mas a loucura sempre foi dominadora. Neste O príncipe da Babilônia, a autora Marianne Vic - sobrinha de Yves Saint Laurent, e que teve grande proximidade com o companheiro dele, o empresário e colecionador de arte Pierre Bergé -, conta de vários ângulos a história de um dos nomes mais significativos da alta-costura do século XX, revelando o percurso de um homem moldado pelo ódio de si mesmo e pelo desprezo do outro.A narrativa tecida de glória e desolação, bordada com segredos. Entre o mito e a verdade, Marianne nos descortina um corolário de sevícias, infortúnios, humilhações, folias e apogeu criativo, sexo e paraísos artificiais, cumes de cultura e arte, ante a inevitável derrocada. Testemunha privativa dos cenários na mítica residência parisiense da rue de Babylone, Marianne nos traz uma elegante catarse repleta de segredos de alcova. O príncipe da Babilônia, de Marianne Vic, nos permite olhar por uma luz menos glamorosa, revelando o lado obscuro do estilista, sem apagar o brilho de sua trajetória inigualável.
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PENSIERO DELLA GIORNATA: DRA. JANE GOODALL
VOCÊ NÃO PASSA UM DIA SEM CAUSAR IMPACTO NO MUNDO. O QUE VOCÊ FAZ, FAZ A DIFERENÇA.